sábado, 2 de abril de 2011

ॐ Afinal, o que é o Yoga?

Yoga, um termo tão utilizado nos dias de hoje e que muitos jornais, revistas, internet e até novelas tratam o assunto, mas será que realmente sabemos o que é o Yoga? Será ginástica? Será religião? Será filosofia?  Será relaxamento?
Se você ainda associa Yoga a posições dificílimas que lembram acrobatas, ficar sentado fazendo respirações profundas com incensos bem perfumando ao redor de você e depois ficar ouvindo musiquinhas suaves para fazer um relax, você está completamente enganado.
O Yoga, termo masculino que se pronuncia com “o” fechado, é uma filosofia que tem suas origens na Índia Antiga tendo no mínimo cinco mil de existência. É uma filosofia prática que visa o aprimoramento completo do Ser Humano através do auto-conhecimento e união com Brahman.
A elevação máxima dos níveis de consciência é uma das metas a serem conquistadas a cada prática desta filosofia. No Yoga, você percebe que  é muito mais do que simplesmente corpo e mente. Corpo, energia, emoção, mente, razão, alegria, sensorialidade, sensibilidade, força, estudo sobre si próprio, auto-superação, auto-conhecimento e espiritualidade estão sempre associado ao Yoga.
Mas para atingirmos estes níveis elevados de consciência, várias alterações ocorrerão  no corpo e mente do praticante, é muito rápido e pode ser sentido até mesmo após uma única prática. Podemos descrever  alguns destes benéficos da seguinte maneira: o Yoga atua na vitalidade orgânica, na estética corporal, numa melhor administração do “stress”, melhor desempenho no trabalho, concentração em estudo e esportes, promovendo evolução interna e longevidade associado à qualidade de vida.
Mas por mais que estes efeitos surjam naturalmente, a filosofia milenar do Yoga não visa à cura de nenhuma enfermidade, mas também não se pode negar que melhoras efetivas aconteçam após o início das práticas. A meta do Yoga é muito mais nobre do que os simples benefícios na coluna, eliminação de insônia, ganho de tônus muscular etc… A meta é atingir o Samādhi, estado de hiper-consciência onde acontece a comunhão com Brahman, o Absoluto. Mas se esses benefícios acontecem, por que negá-los? Não se trata de negação, é apenas uma não exacerbação sobre os ganhos de  saúde conquistados pelo Yoga. Se centrarmos apenas na questão de saúde, ocasionará uma visão de terapia sobre o Yoga, fator que distorce a realidade da filosofia Yogi. Yoga não é terapia e está muito longe disso, Yoga é filosofia prática que visa o auto-conhecimento através da meditação (Rāja Yoga), das práticas físicas (Hatha Yoga), busca do conhecimento pelo estudo das escrituras (Jñana Yoga), pela devoção (Bhaktī Yoga) e altruísmo (Karma Yoga).
Para compreendermos um pouco mais desta filosofia, precisamos conhecer as técnicas que compõe o universo do Yoga, por isso aqui vai uma pequena descrição de cada técnicas: mudrās (linguagem gestual e grupos específicos de técnicas energéticas),mantras (cânticos de bhajans, kirtan, japa bíja mantra), prānāyāma (técnicas respiratórias de captação de prāna – bio-energia cósmica), kriyās (técnicas de purificação e limpeza do corpo), bandhas (contração de glândulas, plexos e órgãos),āsanas (técnicas corporais psico-físicas que trabalham de forma intensa o alongamento, flexibilidade e tônus muscular), yoganid (técnica de descontração, relaxamento),pratyāhāra (abstração dos sentidos sensoriais [indriya]), dhāranā (concentração), dhyāna(meditação) e samādhi (hiperconsciência).
Mas para realmente saber o que é o Yoga, você deve procurar uma escola com professores qualificados para ter direcionamento correto na execução de cada uma das técnicas.
O Yoga é um patrimônio da Humanidade ao qual todo o Ser Humano tem direito de conhecer e praticar. Esta filosofia está dentro de cada pessoa e sempre chegará o momento certa na vida de cada um para o despertar interno do Yoga, o que será o início do processo de auto conhecimento. Para começar a prática é bem fácil: basta ter um pouco de vontade, disciplina e querer começar a praticar agora mesmo. Não deixe para depois.
Na medida em que você avança na filosofia, você terá que fazer algumas escolhas. Alguns exemplos clássicos: comer carne, assim como fazer uso de drogas, bebidas alcoólicas e cigarro não combinam com um processo de evolução de Yoga, nada mesmo. Mas calma, calma !! não existe obrigatoriedade no Yoga, tudo acontece de forma muito natural e espontânea. O Yoga não obriga nada a ninguém, com o tempo você mesmo perceberá a incompatibilidade de certos alimentos com o seu processo evolutivo e perceberá a riqueza de uma alimentação vegetariana. A grande verdade é a cada sistema filosófico, cada atividade física e cada tipo de esporte possuem os seus respectivos sistemas alimentares. O sistema alimentar do praticante de Yoga é o vegetarianismo, ou seja, o yogin come de tudo menos carne de nenhuma espécie, isso inclui não comer frango, peixe, frutos do mar, bacon e presunto, que são tipos de carnes para a surpresa de muitas pessoas!!! O sistema alimentar específico do Yoga é o lacto-vegetarianismo (eliminação de ovos e carnes).
Para o olhar de quem é leigo no assunto, o Yoga pode ser facilmente confundido com ginásticas ou até com contorcionismo. Na verdade não é o Yoga em si que é confundido com ginásticas ou contorcionismo, é apenas umas das práticas do Yoga denominado āsana que gera tal confusão. Āsana é o conjunto das técnicas corporais que explora muito o alongamento, flexibilidade e o ganho de tônus muscular no praticante. Todo o trabalho físico do yoga é associado a um processo de respiração coordenada com cada movimento. Um processo de localização de consciência em cada movimento, requer atitude interior, tomar plena consciência de cada músculo, articulação e nervos trabalhados, confere muito mais energia, amplia a concentração, disposição ao praticante e não gera cansaço.
Os āsanas têm a função de preparar toda a estrutura biológica do praticante para que ele possa sentar em posição de meditação sem que o corpo interfira na prática de meditação. Preparar cada articulação, músculo e nervos para manter o tronco firme e com conforto durante todo o samyama (concentração-meditação-iluminação). Com a estabilidade corporal conquistada, o praticante abstrai a própria sensação de possuir um corpo e pratica com êxito as técnicas mais sutis de concentração e meditação.
Não é muito compatível ter outra atividade no mesmo local de prática de Yoga. Ter dedicação exclusiva a uma única filosofia já é difícil, imagina colocar várias coisas no mesmo lugar de prática. O principal é, com certeza, o fator energético. Cada atividade tem a suas energias próprias: Yoga, Budismo, ginástica, artes marciais, igreja etc. O fator energético é acumulativo, se você reserva um espaço apenas para meditação e mantras, coloque imagens de Śiva, Krsna, Rama, Sarasvati, Durga, de seu Guru etc, assim todas as energias sāttvicas dos sons dos mantras, das meditações e das imagens ficam presentes neste espaço. Quanto mais você medita, canta bhajans e entoa mantras nesse espaço, mais as energias do Yoga são reforçadas neste seu espaço. São essas energias, que reforçarão a sua concentração para meditar, e quanto mais você reforça essas energias, mais elas retornam a você. Por isso a importância de manter o seu espaço de prática de Yoga somente para o Yoga. Isso não é uma critica a nenhum outro tipo de atividade, o que tem que ficar claro é que cada atividade tem suas próprias energias. Se você já pratica Yoga continue praticando sempre com o mesmo entusiasmo e nunca passe um dia sem algum tipo de sādhana, se ainda não pratica comece agora mesmo. Para iniciar as práticas de Yoga é bem fácil, basta ter apenas um pouco de força de vontade e coragem para mudar a si próprio.
Boas práticas
Daniel Nodari Mahādeva – yogashamkara@gmail.com - YOGA EM CACHOEIRINHA / RS



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