Pratyahara é o quinto anga (membro) do sistema do Ashtanga Yoga de Patanjali e deve ser visto com grande importância pois é um divisor da prática do sádhana (prática). A escritura Yoga Sutra é composta por quatro capítulos e os dois sutras que expõe a explicação sobre pratyahara aparecem exatamente ao fim do segundo capítulo, exatamente no meio da escritura. Com isso Patanjali quis nos informar que com pratyahara deixamos a parte mais física do Yoga (asanas e pranayamas) e começamos a lidar com os aspectos mentais. Após pratyahara, a prática começa a ser mais voltada para os aspectos da mente pois a parte física já foi preparada previamente. Essa preparação é o alicerce para os quatro últimos estágios do Ashtanga Yoga. Com a retração dos sentidos, a mente seguirá os seguintes caminhos: concentração para aprender a meditar, e por conseqüência, atingir os estágios de iluminação.
Pratyahara, portanto, é a retração dos sentidos, a abstração dos cinco sentidos dos elementos externos ao corpo do praticante. Segundo os Sutras:
Sva vishaya asamprayoge chittasya svarupe Ivã anukarah indryanam pratyaharah
Quando os órgãos dos sentidos já não em contato com os seus próprios objetos e
assumem a natureza da mente, isso é pratyahara
Yoga Sutra II:54
Sva = sua, própria.
Vishaya = objetos, região, esferas, reinos, campos.
Asamprayoge = não entrar em contato com, não se unir.
Chittasya = consciência, campo da mente.
Svarupe = própria forma, a própria natureza (sva = próprio; rupe = forma, natureza).
Anukarah = imitar, assemelhar-se.
Iva = como, como se, por assim dizer.
indriyanam = órgãos sensoriais, de ação e percepção da realidade (indrya)
Pratyaharah = retração mental da ação sensorial dos objetivos, retirar a mente dos indriyas, trazendo a consciência para dentro.
Tatah Parama vashyatenindryánám.
Com isso se obtém um supremo controle sobre os sentidos
Yoga Sutra II:55
Tatah = então, desse modo, assim.
Parama = maior, supremo, total.
Vashyata = maestria, controle.
Indriyanam = os órgãos mentais de ações e sentidos.
O termo pratyahara é formado por duas palavras: prati e ahara. Prati significa contra ou fora e ahara significa comida. Neste caso não apenas o sentido de comida, mas no sentido de tudo colocamos para dentro do corpo através dos órgãos sensoriais. Esses tipos de ahara alimentam todo o nosso ser, inicialmente são os elementos físicos que nutrem o corpo físico através dos cinco elementos. Num segundo momento ahara está ligado as impressões que colocamos para dentro da mente, que tipo ou qualidade de informações que colocamos para dentro da nossa mente e cada uma dessas impressões tem origem em cada um dos órgãos sensoriais. E por fim, como alimentamos o nosso emocional, que tipo de carga energética estamos trazendo para as nossas emoções, que também que origem nos cinco órgãos sensoriais. Esta energia está diretamente ligada ao ahanata chakra.
Os sentidos não podem estar subjulgados as desejos da mente, quando isso ocorre, perdemos o controle da mente e somos levados pela agitações e desejos mentais. Gera sofrimento emocional e mental pois a mente parece ser mais forte do que os nossos anseios espirituais e também gera desgaste de energia pranica. Existe um conflito quando começamos a sermos mais fortes do que os desejos da mente, pois temos a impressão de que estamos fazendo coisas que contrariam as nossas vontades, na verdade estamos obtendo maior controle sobre a mente e não se deixar levar pelas infantilidades mentais.
Quando perdermos o controle da mente e somos levados pelos seus desejos estamos trazendo para dentro da mente a intensidade de rajas e tamas guna. Quando controlamos a mente estamos deixando a mente em estado de sattva guna. (ver no capítulo Guna Traya, os atributos da natureza).
A prática de pratyahara é muito mais importante do que muitos praticante e professores imaginam. Pratyahara pode ser praticado ao longo de toda a vida, em cada postura, em cada respiração, em cada pensamento positivo etc Pratyahara nos concede um sistema de conduta impecável, torna as pessoas menos escravas da mente, mas para isso devemos ter bem firmado dentro de si qual o propósito da própria vida. Quando sabemos ou conhecemos o real sentido da própria vida, tornamos a mente focada e livre de distrações mentais e emoções aflitivas.
Existem quatro formas principais de pratyahara:
Indriya pratyahara - controle dos sentidos.
Prana pratyahara - controle do prana.
Karma pratyahara - controle da ação.
Mano pratyahara - retirada da mente dos sentidos.
Indriya pratyahara é o controle da mente sobre os sentidos externos. Todos os cinco sentidos se apegam aos objetos externos e começam a desejar os objetos externo. Com esta observação deveríamos pensar se realmente é necessário possuir tudo que desejamos. Como sempre se fala, quanto mais desejamos coisas externas mais estamos se distanciamos da felicidade ou da essência do ser. Na mesma proporção que os sentidos se voltam para os desejos dos objetos externos, mais estamos se afastando da essência.
Prana pratyahara. O prana é o combustível da mente e quando colocamos um prana impuro a mente se torna impura. Colocar uma carga energética impura deixa a mente rajasica ou tamasica e com isso a mente se apega aos irrealidade da vida. Pranayama é a prática que é mais eficaz na purificação das energias internas, portanto purificando o prana estamos purificando a energia que irá movimentar a mente.
Karma pratyahara. Saber dizer não e não ser simplesmente um escravo dos desejos mentais é possuir o controle sobre as ações. Ações positivas geram karmas positivos e pranas positivos.
Mano pratyahara. E por fim e o mais difícil é a conquista do discernimento entre o real e o irreal, entre aquilo que traz a felicidade ou o sofrimento e saber fazer as escolhas corretas na vida. O controle do prana mental é o mais difícil pois envolve os três tipos de pratyahra descritos anteriormente. Controlar as ações, a força dos órgãos sensoriais e controlar e energia é obter total controle sobre toda a esfera da consciência.
Pratyahara, portanto é a preparação para concentrar a mente, retrair os sentidos para que a mente tenha apenas um foco, no caso do Ashtanga Yoga, focar a mente para que ela fique centrada em um único ponto e comece e processo de samyama (concentração, meditação e iluminação).
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Texto de Daniel Nodari Mahādeva – yogashamkara@gmail.com - (51) 9186.1617
YOGA EM CACHOEIRINHA / RS http://yogashamkara.blogspot.com.br/
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